Antigamente, era coito a Mouraria Daquela gente Condenada à revelia E o fado ameno Canção das mais portuguesas Era o veneno Pra lhes matar as tristezas E a Mouraria Mãe do fado doutras eras Que foi ninho de Severas Que foi bairro turbulento Perdeu agora Todo o aspecto de galeria Está mais limpa, está mais séria Mais fadista cem por cento Adeus tipóias Com pilecas e viseiras Adeus rambóias E cafés de camareiras Nada mais resta Da moirama que deu brado Do que a funesta Lembrança do seu passado E a Mouraria Que perdeu em tempos idos A nobreza dos sentidos E o poder de uma virtude Salvou ainda Toda a graça que ela tinha Agarrada à capelinha Da Senhora da Saúde