Era um cidadão comum como esses que se vê na rua Falava de negócios, ria, via show de mulher nua Vivia o dia e não o sol, a noite e não a lua Acordava sempre cedo (era um passarinho urbano) Embarcava no metrô, o nosso metropolitano... Era um homem de bons modos: "Com licença; - Foi engano" Era feito aquela gente honesta, boa e comovida Que caminha para a morte pensando em vencer na vida Era feito aquela gente honesta, boa e comovida Que tem no fim da tarde a sensação Da missão cumprida Acreditava em Deus e em outras coisas invisíveis Dizia sempre sim aos seus senhores infalíveis Pois é; tendo dinheiro não há coisas impossíveis Mas o anjo do Senhor (de quem nos fala o Livro Santo) Desceu do céu pra uma cerveja, junto dele, no seu canto E a morte o carregou, feito um pacote, no seu manto Que a terra lhe seja leve