Eu sou normal, eu sou igual a qualquer um de vocês Não sou menos nem mais do que os animais que conheci no xadrez Foi num cochilo, num pequeno vacilo que me puseram a mão Foi numas férias forçadas que de um conto de fadas fui pruma vida de cão Não sou rico nem pobre, nem miserável nem nobre, apenas um comum De universitário a réu primário sem direito algum Não foi pela maconha que passei a vergonha que eu canto agora Não foi por cocaína nem por heroína que pago essa penhora Eu já experimentei, mas bem não me dei, prefiro um whisky Estou de volta à rua, mas fique na sua: comigo não se arrisque Se eu nasci como eu sou, gostar de rock and roll foi a minha ofensa E a nossa sociedade faz publicidade da minha sentença Vou prender quem me prendeu Vou bater em quem me bateu Vou ofender a quem me ofender Nessa terra sem lei a lei sou eu Homossexuais, pivetes e anormais me chamaram de miss Mas nas paredes da cela escrevi uma novela com final feliz Fiquei amigo dos guardas mas com aqueles sem farda reparti meu pão Conheci a fundo o estranho mundo da Casa da Detenção O meu passaporte pro corredor da morte foi carimbado Foi num prédio em obras, num ninho de cobras que eu fui diplomado Vou prender quem me prendeu Vou bater em quem me bateu Vou ofender a quem me ofender Nessa terra sem lei a lei sou eu Eu... A lei sou eu... Eu... A lei sou eu... Eu... A lei sou eu... Eu... A lei sou eu... Eu... A lei sou eu... Eu...