Track byVitor Ramil
Velho porongo crioulo, Te conheci no galpão, Trazendo meu chimarrão Com cheirinho de fumaça, Bebida amarga da raça Que adoça o meu coração. Bomba de prata cravada, Junto ao açude do pago, Quanta china ou índio vago Da água seu pensamento De alegria, sofrimento, De desengano ou afago. Te vejo na lata de erva Toda coberta de poeira, Na mão da china faceira Ou derredor do fogão, Debruçado num tição Ou recostado à chaleira. Me acotovelo no joelho, Me sento sobre o garrão Ao pé do fogo de chão, Vou repassando a memória E não encontro na história Quem te inventou, chimarrão. Foi índio de pêlo duro, Quando pisou neste pago, Louco pra tomar um trago, Trazia seca a garganta, Provando a folha da planta, Foi quem te fez mate-amargo. Foste bebida selvagem E hoje és tradição, E só tu, meu chimarrão, Que o gaúcho não despreza Porque és o livro de reza Que rezo junto ao fogão. Embora frio ou lavado, Ou que teu topete desande, Minha alegria se espande Ao ver-te assim meu troféu, Quem te inventou foi pra o céu E te deixou para o Rio Grande.