Chove na tarde fria de Porto Alegre Trago sozinho o verde do chimarrão Olho o cotidiano, sei que vou embora Nunca mais, nunca mais Chega em ondas a música da cidade Também eu me transformo numa canção Ares de milonga vão e me carregam Por aí, por aí Ramilonga, Ramilonga Sobrevôo os telhados da Bela Vista Na Chácara das Pedras vou me perder Noites no Rio Branco, tardes no Bom Fim Nunca mais, nunca mais O trânsito em transe intenso antecipa a noite Riscando estrelas no bronze do temporal Ares de milonga vão e me carregam Por aí, por aí Ramilonga, Ramilonga O tango dos guarda-chuvas na Praça XV Confere elegância ao passo da multidão Triste lambe-lambe, aquém e além do tempo Nunca mais, nunca mais Do alto da torre a água do rio é limpa Guaíba deserto, barcos que não estão Ares de milonga vão e me carregam Por aí, por aí Ramilonga, Ramilonga Ruas molhadas, ruas da flor lilás Ruas de um anarquista noturno Ruas do Armando, ruas do Quintana Nunca mais, nunca mais Do Alto da Bronze eu vou pra Cidade Baixa Depois as estradas, praias e morros Ares de milonga vão e me carregam Por aí, por aí Ramilonga, Ramilonga Vaga visão viajo e antevejo a inveja De quem descobrir a forma com que me fui Ares de milonga sobre Porto Alegre Nada mais, nada mais